domingo, 23 de fevereiro de 2014
Entre as placas de neon
Meus olhos cansados percorrem as ruas da cidade
com a dureza de suas pedras
sem ar circulante
que se pensam belas
porque têm espelhos dourados
e luzes ofuscantes
nessa cara de sábado, esmagada
entre as placas de neon.
Meus ouvidos sensíveis se perdem nos labirintos
dos ruídos vorazes
de incessantes afazeres
dos homens e suas máquinas
desfilando peitos espumantes
vazando iras inflamáveis
nessa cara de domingo, esmagada
entre as placas de neon.
Minha alma menina teme a cidade
com a frieza dos homens de pedra
com suas mãos de traição
com seus ruídos de morte
e cheiros de gases amortecedores.
Quem? Quem? Quem?
Eles têm os mesmos olhos
a mesma tez
e andam lado a lado
com os corações de algodão
de doçura cega, surda e calada
pela fúrias dos sons e das luzes espelhadas
nessa cara de segunda, terça, quarta...
sombreadas,
pelas placas de neon!
( porque tem dias em que, nessa selva de pedra, a gente experimenta o melhor e o pior do bicho homem!).
Rozemeire Reis
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