quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

O show acabou




Dezembro chegou
O show acabou
Fechamos as cortinas
Esquecemos as vaias
Findamos os atos

Em janeiro, fevereiro...
Espanamos  asneiras
Lavamos as cortinas
Para novas rotinas
Na garoa de Sampa
Ou no mar de Casnavieiras

Passamos os anos
Trocando cenários
Pulsando em  luz e sombra
Ensaiando roteiros dialéticos
Gastando falas que se repetem
Temendo que os brilhos se apaguem
E que os aplausos se calem
No vão dos sonhos que se debatem!


Autoria: RozeMeire dos Reis
Em 26 de dezembro de 2011.



segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Pensando em Clarice


No silêncio da rua escura do meu bairro
Na solidão e na fragilidade de CL
Que ainda agora escapou de meus dedos
Quando o livro se fechou.
Estava sem marcador.
 Percebo o som da ventoinha
Quase suave depois que um avião passou.
Ainda penso em CL, ligando para os amigos de madrugada,
Numa cidade maravilhosa e barulhenta
Talvez temesse a solidão da sua sala...
Talvez temesse o rebu das palavras fervendo em sua mente...
Que os incontáveis papéis amassados na máquina de escrever,
Não puderam, naquelas horas, absorver.
(11/12/2011)

sábado, 3 de dezembro de 2011

Imbróglio


Estou, por ora, numa ponte
Entre o sonho e o real
Não sei se atravessarei...
Se sucumbirei à solidão especular de minha história,
Se poderei ir mais além desse imbróglio.
Não, não está fácil
Para homens e mulheres,
Para os que nasceram no século XX
Herdando os sonhos de liberdade, da revolução sexual...
Viver neste século XXI
Com novos imperativos, novas escravizações
Da incessante troca de parceiros, da extrema valoração da beleza
Da ininterrupta busca de ser só alegria!
Essa ilusão de carnaval todo dia.
Não, não temos a devida dimensão
Do que sejam hoje o prazer e o amor

Mas seja lá quanto for...

Só podemos medir em nossa singular via
O preço que podemos verdadeiramente pagar
Por uma existência menos besta e truculenta
Ainda que marginais.

Autora - RozeMeire dos Reis, no livro "Depurando as paixões em palavras derramadas"