quinta-feira, 8 de março de 2012

Rosas inomináveis


Mulher, que enigma há nesse ser
Que vive mil vidas em uma?
Ela chega diferente a este século XXI?
Em alguns aspectos, sim
Em outros, nem tanto.
Empunhando espadas como Joana D'Arc
Contando estórias como Sherazade
Reinando astutas como Cleópatra
Misteriosas como Monalisa
Elas tentam mudar a vida dos homens e das mulheres!

Delas, muito se fala e pouco se compreende
E, observando uma, não captamos a essência de todas
Descrevendo muitas, não sabemos de nenhuma
Porque elas escapam a qualquer padronização!


Como a natureza, elas mudam de estação
Às vezes no meio do dia, no calor da conversa
E nessa hora, desde cedo, aprende o menino,
Melhor sair de fininho e não aquecer a discussão!


Ela poderia ser simplesmente mulher,
Mãe, avó, filha,  tia, amiga, irmã, prima, esposa, namorada
Mas, quis ir mais além e se fez -
Engenheira,  poeta, secretária, professora, assistente, administradora, diretora, militar, entre tantas profissões,
Tendo que ir a um campo estranho
Aprender as regras de um jogo,
Que não se restringe  mais a jogos de amor!

Agora driblam adversários que o sistema impõe
Têm que dar conta de muitas contas
E, ainda, formar super filhos para a arena global!

Sozinhas, bem ou mal acompanhadas,
Dançam na chuva, dançam na vida,
Estreiam personagens, mostram suas faces
Leves, dramáticas...
Vítimas, sarcásticas...
Queixosas, práticas...
Românticas, sedutoras...
Tímidas, descoladas...
Sérias, danadas...

Há os que acham que  elas são
Jóias de prata, de ouro, diamantes, cristais...
Pedras brutas ou lapidadas pelas agruras vividas
Que  enfrentam com risos, cantos
Ou em rios de lágrimas
Com ares de deusas ou de rosas esquálidas!

Mulheres privilegiadas! diz o revolucionário,
Esqueçam o apelo que o mercado faz neste dia,
Vocês estão desfrutando confortáveis,
De conquistas oriundas de lutas seculares!

Recebam suas flores, aceitem os abraços
Porque há o que comemorar, é verdade,
Mas aqui, em outros países, nas ruas, nos bares,
Nos hospícios e  nos lares,
As vidas de muitas rosas, inomináveis,
Não são, nem por umas horas,
Pinceladas de cor de rosa!


sexta-feira, 2 de março de 2012

Passarela do Tempo


Piso num tapete de folhas secas
O som, sob meus pés , percorre meu corpo
Acariciando meus ouvidos
Como pedaços de música
Que o tempo, de tempos em tempos, prepara!

As telas das cores do outono
Alimentando a terra, embelezando o ar
Natureza morta que sobrevive
Na veia do artista mágico, gênio ou louco
Na semente que caiu dos voos!

As folhas caem, envelhecidas
E, ainda assim, tão  belas!
Como nossos sorrisos dúbios, amarelos...
Entre o brilho da sabedoria sofrida
E a nostalgia da inocência perdida!

Estamos na passarela do tempo
Quebrando galhos, desfolhando amores
Contando dos atalhos ao jovem
Com seu ar de descaso aos nossos conselhos!

 

Autoria: RozeMeire dos Reis